Família Dias - Homenageada da Música - 2014

Quando a música escolhe um lugar para viver

Os seis filhos de Arlindo Gonçalves Siqueira e Zilda Dias Cardoso percorreram, desde pequenos, os caminhos trilhados pela música. A educação, os ensinamentos foram repassados através das palavras cantadas. Viola, sanfona e poesia desenharam um lar e traçaram, naturalmente, vidas que seriam entregues às partituras.

Alino Dias, ou Soninho – como é conhecido no meio artístico, é o primogênito e conta que com os pais eles aprenderam de tudo um pouco. Desde os acordes até a manutenção de instrumentos. O pai, “Arlindinho sanfoneiro”, era um grande cancioneiro de raiz. Além do contato precoce com a música, os irmãos relembram o quanto foram estimulados a encarar a arte com disciplina e seriedade, o que foi determinante para a formação profissional de cada um. Os estudos aliaram-se ao talento e, hoje, todos trabalham com a música. Como brinca Anísio Dias, cada um acabou se especializando e se apaixonando por uma função específica, quase uma orquestra. Ele próprio, dedicado à complexa tarefa de compor, teve uma de suas canções incorporada à trilha sonora de um longa-metragem indicado ao Oscar, no ano de 2009.

Adelino puxou mais ao pai, tem o coração na cantiga de outros tempos. Martinha é a única filha, tem a voz de veludo, seu canto nos toca por inteiro. É professora em tempo integral e afirma, com orgulho, que só ensina música de qualidade. Sua única filha herdou o talento da família e se tornou uma grande pianista. Soninho é membro do Conselho de Cultura da cidade e diretor do Conservatório de Música, que está completando 20 anos de existência. Dona Zilda mora ao lado do Conservatório e acabou se tornando ouvinte assídua das aulas ministradas por seus filhos. Assim com o marido, a matriarca da família também foi uma forte influência artística na vida dos filhos. “Minha mãe até falava rimado, sem perceber”, conta Anísio.

O instrumento, seja ele a voz, as mãos ou um violino, leva-nos a outros lugares, conta-nos histórias e reinventa a emoção. Com precisão e delicadeza, a Família Dias deixa registrada, em Patos de Minas e pelo país, uma narrativa rara, de paixão e ardor pela música. Os filhos de Seu Arlindo e Dona Zilda consideram-se “artistas que procuram a arte pela arte”. Tocam por amor, porque não se veem fazendo algo diferente.