Curadoria: Lucia Tredezzini
Há sete anos, o Balaio tem usado todas as suas tramas e tessituras a serviço de democratizar o acesso à cultura e as artes. Em 2017, o balaio toma as vestes de um poeta trovador retorna para a rua para militar pelo sentimento de que tanto precisamos nas relações entre pessoas e a cidade e que tão pouco recebemos: o amor!
Ah! O amor...
Não é de agora que o amor ressona em forma de clamor pelas ruas das nossas cidades. Dar ao nosso tempo um pouco mais de humanidade e delicadeza perpassa pela nossa história há muito tempo.
As artes visuais em todas as suas formas se transformaram em uma importante plataforma de produção de exercícios críticos, feitos a partir do estado de precarização das relações humanas. Se em um primeiro momento este espírito de ativismo cheio de arte e poesia se propagava através de grandes nomes como Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Juan Brossa e Paulo Bruscky, hoje eles se materializam nas intervenções mais diversas de artistas, coletivos e anônimos que distribuem seus trabalhos desde as galerias e as bienais até as calçadas, esquinas, lixeiras, postes, muros, tapumes, empenas de edifícios e pontos de ônibus.
O apelo por se repensar às relações de indiferença, agressividade e exclusão formaram uma polifonia urbana, robusta e clara. Estes múltiplos sons tomaram força e coro nas palavras pintadas nos viadutos da Avenida Brasil e da Zona portuária do Rio de Janeiro do pregador José Datrino, o Profeta Gentileza E nos lambe-lambes e grafites do artista visual Ygor Marotta espalhados por São Paulo, através do movimento “mais amor, por favor”, ou pelos estênceis e faixas de tantos anônimos espalhados pelas ruas do nosso país.
O propósito da nossa curadoria é incluir indistintamente todas as vozes que quiserem participar desta polifonia. Militaremos utilizando o maior potencial que há na nossa condição humana: a capacidade de criar.
Este ano nossa apropriação da Avenida ganha novos contornos, permanecemos na árdua tarefa de democratização de acesso à arte e a cultura, para a nossa cidade, mas também daremos voz a todos que fazem parte dela independente de classe social, etnia, orientação, crença, idade, mobilidade, vulnerabilidades e deficiências.
A curadoria das artes visuais foi atrás das poéticas urbanas, do amor e suas roupagens, para fazer o seu próprio cancioneiro tridimensional, e se utilizará de todas as plataformas e vertentes para cumprir sua missão.
Nesta edição contaremos mais uma vez com a participação da classe artística de nossa cidade, publicitários, arquitetos e urbanistas, poetas, estudantes, todos juntos em busca da superação das nossas diferenças e da complementação dos nossos potenciais.
Na contramão do panorama que assistimos no mundo e nosso país, onde o individualismo e a aspereza que chafurdam na nossa sociedade mostraremos que a construção de um mundo mais justo começa pela construção da nossa cidade, da apropriação dos espaços públicos pelos seus cidadãos e por este sentimento nos une e nos liberta como diz a canção de Marisa Monte em homenagem ao Profeta Gentileza.
Amor: palavra que liberta. Já dizia o profeta.
Veja abaixo alguns links de videos que ilustram a proposta das Artes Visuais para o Balaio 2017.
(Marisa Monte - Gentileza (Videoclip)
(Roda da Moda - Inhotim- Galeria Cildo Meireles)
(Cildo Meireles na exposição "Do Objeto para o Mundo - Coleção Inhotim")
Exposições:
Fotografia Amor infinito (qualquer pessoa pode doar uma imagem. Participação dos alunos Publicidade e Propaganda do UNIPAM e EJC)
Arte Postal Apae
Amor incondicional
Brincadeiras da infância
Amor nas mãos
Artistas convidados
Patrícia Paim-bordado
Margarida Malheiros
Esculturas de papel
Sênior Colcha de retalhos
Elaine Ribeiro
Roupa conceito
Amor marcado
Homenagem ao profeta gentileza e ao movimento Lambe Lambe
Túnel de plástico
STENCIL sobre plástico
Berthier e amigos
Vamos falar de amor. Venha declarar ele conosco no balaio 2017.